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Especial Oscar - O jogo da imitação

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    coopingblog
  • 22 de fev. de 2015
  • 5 min de leitura

Por: Edgar Oliveira Schuffner


Em determinado artigo aqui do site, comentei da saudade que vinha sentindo de me sentir arrebatado por algum filme, não importa qual fosse o tipo de emoção que predominasse, o que me fazia falta era sentir algo e, curiosamente, durante as discussões preliminares que tivemos que tivemos sobre quem assumiria qual filme para o Especial Oscar, "O jogo da imitação", "Selma" e "Teoria de Tudo" caíram para mim. Parece que foi algo sob medida para essa minha urgência.


Enquanto "Teoria de Tudo" me deixou com aquele sorrisinho de canto de boca gostoso ao final, os outros dois me transbordaram de revolta. Em especial, "O Jogo da Imitação".


O longa, dirigido por Morten Tyldum, diretor relativamente desconhecido, narra a história do matemático Alan Turing e todos seus esforços durante a II Guerra Mundial para decifrar um código alemão, considerado por muitos impossível, e tentar obter vantagem para os Aliados na guerra.


"Filmes de II Guerra" e "indicações ao Oscar" são palavras que, praticamente, sempre andam juntas. Talvez por uma predileção da Academia de estar sempre nos lembrando das atrocidades cometidas durante tal período ou de tentar trazer para as gerações pós-guerra o sofrimento de tal época, mas é inegável essa certa tendência.


Nesse contexto, o "Jogo da Imitação" tinha de tudo para ser "um bom filme de guerra que concorreu ao Oscar", mas é, justamente nesse ponto que o longa se diferencia de todos os outros.


"The Imitation Game" não interessa muito em focar nos horrores da guerra, nos campos de concentração ou na guerra de trincheiras. O interesse aqui é em retratar a "guerra por detrás das mesas de estratégia", o custo humano de uma guerra e, principalmente, a batalha de Alan Turing, interpretado por Benedict Cumberbatch, e sua equipe para decifrar a máquina alemã, Enigma, e essa parte do roteiro é executada com maestria.


Quando menos nos damos conta, estamos imersos naquela luta contra prazos, insultos e humilhações e brigas de ego em plena guerra e estamos torcendo por Turing com todas as forças, mesmo já sabendo o resultado final de seus trabalhos. E conseguir driblar a previsibilidade de um resultado final já conhecido por todos é algo a ser, de fato, elogiado.


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Outro grande feito do longa reside na humanidade de seus personagens-chave, Turing e Srta. Clarke.

Cumberbatch nos traz para a tela um personagem com nuances tão sensíveis que é díficil não se envolver com Turing, seja para odiá-lo em determinados momentos, seja para se apiedar dele, em outros. Turing é humano como qualquer um e carregou durante toda sua história a marca da genialidade, muitas vezes, incompreendida.

Confesso que, nos primeiros minutos de filme, achei a atuação de Cumberbatch algo bem próximo ao de seu Sherlock, mas poucas cenas são necessárias para que essa impressão vá embora e aceitemos seu Alan Turing.

Do outro lado, Joan Clarke, a mulher, braço direito de Turing durante todo o processo, interpretada por Keira Knightley (e seu charmoso sotaque britânico), brilha, não apenas pela simpatia da personagem, mas pelo peso que a mesma traz para a trama ao abordar questões de cunho social, como a relevância da mulher na sociedade na época.


E é justamente nesse ponto que o longa se distancia mais ainda dos famosos filmes de guerra e, ao fazer isso, obtém seu grande trunfo: no fim das contas, a guerra se torna apenas plano de fundo para se abordar as questões sociais e o personagem de Turing acaba por carregar, com uma força impactante, todos esses questionamentos consigo.


Acompanhar toda a história do famoso matemático, responsável por encurtar a guerra em, aproximadamente dois anos e salvar cerca de 14 milhões de vida, se torna uma experiência angustiante. Revoltante. E é justo nesse ponto que "O jogo da Imitação" acerta em cheio, deixando um gosto acre na boca, sem ser, em momento algum, planfetário de causa alguma, a não ser, a causa humana, a causa do respeito, da tolerância.


Claro que o longa não é impecável. O mesmo tem alguns problemas terríveis de roteiro, principalmente no que toca a "divisão dos arcos" a serem abordados. O tempo dedicado a cada um é tão inconstante que, em especial o segundo arco parece desconexo de todo o resto do longa. A execução dessa parte é tão corrida e superficial que, não fosse o terceiro arco, o mais arrebatador, poderia acabar destruindo tudo que o longa fez corretamente.


Apesar desse tropeço, "O jogo da Imitação", juntamente com "Selma" continuarão sendo os filmes desse Oscar que mais ressoaram em mim. Não que eu esteja torcendo por eles, mas toda aquela história de "ser arrebatado" aconteceu justamente aqui, na figura do Alan Turing e em tudo que rodeou a sua história.


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Comentários:

Antônio: Está aí mais um filme que eu diria ser digno de Oscar. Diferente de alguns de seus concorrentes, onde a história é emocionante, mas não te prende, Jogo de Imitação tem um desfecho que lembra o filme Argo, vencedor do Oscar 2013, em que, quem assiste, sente tensão e o nervosismo em certo momento do longa.


Devo admitir que no início não estava prestando devida atenção no que estava a

acontecer no filme, pois não tinha muitas expectativas, mexia no celular sem me preocupar muito. No entanto, assim que comecei a prestar mais atenção, vi que tinha uma trama muito atraente e, como diria o Edgar “paguei minha língua”, pois achei o filme incrível, tanto é que quando o filme terminou, voltei para assistir o começo que havia perdido, e me deu vontade de assistir tudo de novo. Só não o fiz porque era demasiadamente tarde.


Meu favorito ao Oscar 2015 ainda é outro, no entanto, Jogo de Imitação também me

serviria bem como vencedor.


Entidade: O Jogo da Imitação. Que filme... Que filme! Embora eu tenha uma queda forte por qualquer filme/livro que narre algum momento da Segunda Guerra Mundial, não foi pelo filme tratar sobre esse assunto que eu gostei e me emocionei com ele.


Não conhecia a história de Alan Turing (e é tão interessante que reservei um tempo do meu dia para pesquisar a fundo). A conheci através do filme que, aliás, mostra seus últimos momentos da forma mais concreta o possível. Alguns furos aqui e ali existem, mas que não comprometem o filme hora alguma.


O Jogo da Imitação, me ganhou por me mostrar o tamanho da ignorância do ser humano em aceitar diferenças, Turing salvou milhares de vidas e mesmo assim foi julgado por uma diferença que na época era um crime grave. Mas o que mais me atenta ao fato é que, o que na época era um crime grave julgado por "vícios impróprios", com leis e artigos contra o ato, hoje mesmo com as leis e artigos de defesa percebemos que o pensamento de muitos é o mesmo.


Por aí, o filme me levou a uma reflexão, “Quando é que o ser humano vai aceitar as diferenças?”, Turing morreu em 1954 e ver que ainda existe em pessoas com o pensamento parecido com os daquelas que o julgaram e condenaram é de se revoltar. Infelizmente tornei grande parte desse comentário uma “crítica social” mas foi isso que o filme me trouxe: essa reflexão, essa revolta, esse olhar para o presente que faz perceber a indiferença, a não evolução.


Enfim, o filme é ótimo, me emocionei muito e se eu assistir novamente vou me emocionar e me revoltar novamente.

 
 
 

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