Especial Oscar - Boyhood
- coopingblog
- 22 de fev. de 2015
- 5 min de leitura
Por: Amanda Teodoro
Simples e numa naturalidade encantadora, “Boyhood: da infância à juventude” é um longa (bota longa nisso) que dá jus ao nome, literalmente.
Indicado em seis categorias do Oscar, destacando “Melhor Filme”, “Melhor Direção” e “Melhor Roteiro Original”, o filme mostra basicamente o cotidiano do garoto Mason Jr. (Ellar Coltrane), dos seis aos dezoito anos de idade. Ele, que vivia com a mãe Olivia (Patrícia Arquette) e com a irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor do longa, Richard Linklater), era uma criança introvertida e inflexiva. Pai (Ethan Hawke) ausente, a implicância da irmã e algumas escolhas erradas que a mãe fez, demonstram, no filme, uma vida de mudanças contínuas. Mesmo com seus 164 minutos de duração, o filme não é cansativo, já que não cai no clichê e nem no melodrama, mostrando tais pérolas cotidianas acontecendo naturalmente.
Sendo um dos projetos mais inusitados e ambiciosos de Linklater (se não for o mais), Boyhood foi gravado em doze anos (de 2002 a 2014) e um dos pontos mais interessantes é como os fatos se passam, sendo eles, completados com aquela maravilhosa trilha sonora que super combina com os acontecimentos do filme (OBS:
injustiça não ter sido indicada ao Oscar). Variando de Coldplay, passa por Paul McCartney & Wings, chega a Lady Gaga e até The Black Keys, a trilha se completa com o cotidiano do garoto, indicando o passar dos anos através do ano de lançamento do hit de determinado artista, com algumas exceções. Além da trilha, é magnífico como as coisas da época são abordadas: de Star Wars, Dragon Ball Z, Toy Story até Homem-Aranha e Harry Potter; iMac colorido, Gameboy, XBOX 360 e Wii, além do Facebook.

Sobre as atuações, destaco três: Arquette, minha personagem favorita no filme fez, numa atuação impecável, Olivia “se virar” ao criar os filhos, passando por dificuldades e más escolhas. É merecedora do “Melhor Atriz Coadjuvante” que está concorrendo, porém ainda tem Meryl Streep, né? Já Sr. Mason, através de Hawke (um puta ator), cria uma relação afetiva tão natural e ao mesmo tempo magnífica com os filhos, demonstrando o esforço para conseguir o amor deles. Por fim, Ellar Coltrane. Um garoto não muito experiente, que aceitou o desafio de protagonizar uma trama gravada em doze anos? Um tiro no escuro. E acabou que foi acertou em cheio o alvo, porque tive a impressão de que ele “não atuou”: simplesmente foi ele mesmo, caracterizando mais ainda a “naturalidade” do filme.
Mostrando as dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia, leões diários que matamos, influência das pessoas e, principalmente, como as coisas mais simples da vida marcam profundamente nosso amadurecimento, Boyhood é uma obra inusitada e, ao mesmo tempo, normal, que divergiu bastante no quesito “opinião dos espectadores”. Mas sinceramente, a discrição do filme foi o que mais me encantou. ASSISTAM!

Comentários:
Antônio: Eu realmente gostei muito de Boyhood, nem liguei para o fato do filme ser longo, já estou acostumado. Depois de assistir inúmeras vezes Hobbit e Senhor dos Anéis, e sinceramente, um filme longo é muito melhor em alguns casos, pois o autor/diretor tem mais tempo para deixar a história mais detalhada. Conheço dois casos em que os filmes precisavam ser grandes para poder retratar melhor a história mas tiveram apenas 90 minutos de filmes, e foram horríveis, Saint Seiya: A Lenda do Santuário e The Last Airbender.
Tamanho de filme a parte, o que me fez gostar de Boyhood foi a mensagem que Richard Linklater quis passar à quem assistisse, que é a questão do tempo. Eu me enxerguei dentro daquela situação. Todos os dias eu paro, penso, reflito sobre essa questão: o tempo está passando, o tempo não volta, algo que aconteceu uma vez ficou para trás no passado, O tempo realmente não para, a na maioria das vezes, nos não vemos ele passar. Eu me lembro exatamente do meu primeiro dia no ensino médio, eu pensava: “Ainda tem mais 3 longos anos”, parecia algo muito distante para mim. No entanto, quando cheguei ao final destes três anos, pensei comigo: “Poxa! Já acabou, pareceu que durou tão pouco”. O tempo é uma muito traiçoeiro, ele passa e você nem percebe, quando se nota, muita coisa já ficou para trás, e uma das frases que eu mais gostei do filme foi “Todo instante é agora” (pode variar um pouco devido a tradução, mas a ideia é essa).
“Ainda falta muito tempo” para eu chegar a terceira idade, parece que falta uma eternidade, mas eu tenho certeza que quando eu chegar lá, vou ter a sensação que a vida foi muito curta. Vou chegar aos 30, 40, 50, 60 sem perceber. E quando perceber vai ser tarde demais para voltar e fazer algo que deveria ter sido feita em certa época da vida.
Aliado ao "passar do tempo" despercebidamente, está outra questão levantada pelo filme, que são as fases da vida. É o drama, por exemplo, que a Olivia (Patrícia Arquette), mãe do protagonista sente mais próximo do final. Terminar estudos, arrumar um emprego, encontrar seu parceiro, casar, ter filhos, ficar velho, e morrer. Isso varia de pessoa pra pessoa, mas seguindo o estilo de vida da personagem do filme.
Eu não sou tão velho como a personagem, mas eu senti algo muito parecido. Sempre fui muito apegado à minha infância, nunca quis crescer, queria ser como o Peter Pan, e só percebia o fim da minha juventude ia acabando com o passar das séries na escola. Se eu pudesse voltar e viver tudo de novo, eu faria com toda certeza, mas o tempo não volta.
Foi isso o que mais me encantou no filme, a reflexão de que a vida está passando, e que se eu não parar para viver e aproveitar o momento, lá na frente, vai ser tarde..
E para terminar, uma última mensagem que o filme passa é a de que não existe a
felicidade, o que existe são os momentos felizes, e se você não aproveitar os momentos felizes da sua vida agora, poderá ser tarde para aproveitar posteriormente.
Na minha opinião, Boyhood merece o Oscar por conseguir retratar muito bem esses fatores, e não somente por ter 12 anos de gravação.
Edgar: Pretensioso demais. Para mim, isso define Boyhood. A ideia foi ótima, a mensagem, poderosa, mas a conclusão do trabalho foi maçante a ponto de eu me perguntar diversas vezes se eu realmente tinha que assistir o filme até o final. Alguns argumentarão que me "falta visão" e que não entendi as "intenções" do diretor, mas discordo nesse ponto.
Acho realmente fantástico a ideia de se mostrar "a vida como ela é", com seus momentos de serenidade e alguns momentos definidores, com seus momentos de felicidade, como disse o Antônio logo acima, e o poder arrebatador do tempo sobre a gente. Inclusive, o filme reserva cenas lindíssimas! Destaco a cena final da mãe com seu filho. De triturar o coração.
Mas o filme não deixa de ser chato, maçante, arrastado e isso se sobrepõe a todo o resto.
Merece a indicação ao Oscar pelo pioneirismo do projeto, mas não merece, NUNCA, o Oscar de Melhor Filme.
Felipe: Por certo ângulo de visão, Boyhood pode ser considerado uma verdadeira conquista para a história do cinema, pois além dos 12 anos de gravação, o filme mexe com um tipo de mensagem que todos nós conseguimos encontrar semelhanças de sentimentos e momentos de nossas vidas.
O filme conta com uma narrativa bem cansativa e alguns atores muito pouco carismáticos, mas o autor quis nos fazer enxergar o quão rápido nossa vida passa, e que a nossa busca inalcançável pela felicidade, pode estar bem perto, presente em alguns momentos do dia, todos os dias.
Na minha opinião, é um ótimo filme, com uma linda mensgem a ser interpretada pelos especatores, mas um pouco maçante, com pouca fluidez dos fatos nas cenas. Eu não o vejo como vencerdor do Oscar.
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