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Especial Oscar - A Teoria de Tudo

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    coopingblog
  • 17 de fev. de 2015
  • 8 min de leitura

Por: Edgar Oliveira Schuffner


Perdão pelo trocadilho infame, mas A Teoria de Tudo tinha "de tudo" para ser um filme mediano. Em tempos onde cinebiografias tem se tornado comportamento cada vez mais frequente em Hollywood, fazer uma que abordasse a história do renomado físico, Stephen Hawking, poderia ser um tiro no pé.


Tiro no pé, pois sabe-se que o cara é uma espécie de celebridade que já fez “pontas” em The Big Bang Theory, Star Trek, Os Simpsons e é mencionado em diversas séries de TV (Glee recentemente, por exemplo), filmes e a figura dele poderia estar desgastada.


O temor só aumentou quando, lendo notícias durante o período de produção do longa, as notícias que surgiam era que o roteiro iria focar, não na sua doença, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que faz com que os músculos do corpo percam suas forças, mas, sim, na sua relação com sua companheira de vida, Jane Wilde.


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Na imagem, Jane e Stephen Hawking no longa

e na vida real


E levando tudo isso em consideração, se Hawking, na ocasião do descobrimento da doença, foi diagnosticado como tendo apenas dois anos de vida e está vivo até hoje, as impressões iniciais acerca da produção do longa e o longa em si, finalizado, são, também, de certa forma, uma história de superação: a Teoria de Tudo sai aclamado pela crítica e ainda concorrente a cinco Oscars, dentre eles Melhor Ator, Melhor Atriz e, principalmente, Melhor Filme.


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Como dito, A Teoria de Tudo vai narrar trajetória de vida de Stephen Hawking e sua companheira Jane Wilde. É claro que, durante toda essa narrativa, não há como o fator do surgimento da ELA e a progressão da mesma não deixarem de ser abordados e é nesse ponto que o filme brilha e arrebata quem assiste. A cena da descoberta da condição por Hawking não cai na armadilha do dramalhão e traz a melancolia de uma maneira sutil, mas arrebatodora. Isso sem falar da cena do jantar entre amigos. Sem cair no risco de graves spoilers, tal cena é uma daquelas que agoniza, tortura e, o pior, acaba nos fazendo refletir sobre a inevitabilidade da vida e do tempo.


E, se tais cenas marcam tanto quem assiste, o grande culpado por tudo isso é Eddie Redmayne, a pessoa por trás da encarnação de Hawking. O ator, que já contracenou em Os Miseráveis e O Destino de Júpiter, consegue conciliar entre a austeridade, nos momentos em que tem enfrentar a realidade, e candura e serenidade, quando o mesmo já está resignado a tal condição.


O páreo para ele na disputa do Oscar é duro, ele tem pela frente o descontrolado Mr. Dupont, do Steve Carrel, por exemplo, mas sua atuação é tão comovente, que pode ser que a Academia acabe cedendo.


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Junto de Redmayne, temos Felicity Jones e sua Jane Wilde. A personagem em si só consegue brilhar lá pelo meio do filme, onde seus anseios mais profundos começam a aparecer e, quando, a intensidade de sua relação com Hawking começa a brotar. Consequentemente, a química entre Redmayne e a mesma surte em nós uma dubiedade de sensações e sentimentos. Além disso, cabe aos dois duas das cenas mais belas do filme e, também, duas das mais belas cenas que já aparecerem por aí nos últimos tempos. Belas pela ternura com que elas se desenrolam, pelo texto que perpassa a cena e, principalmente, pela atuação dos dois.


Não posso adentrar em spoilers, pois seria desrespeito aos fãs, mas a cena da “conversa franca” entre o casal e a cena final dos dois é capaz de marejar o olho de muita gente por aí!


O filme concorre também como Melhor Trlha Sonora e é mais que justo algumas linhas dedicadas só para falar sobre quão belas são as composições e quão adequadas elas são ao longa. É extremamente complicado encontrar músicas instrumentais que, em conjunto de determinada cena, consigam te deixar refém por completo, e A Teoria de Tudo faz isso com o espectador várias e várias vezes. A trilha já levou o Globo de Ouro na mesma categoria e levar também o Oscar seria a premiação para selar tantos trunfos.


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Além de narrar a história de Jane e Hawking e como sua doença se desenvolveu, o longa de James Marsh aborda questões filosóficas, mesmo que de maneira sutil, que não deixam de trazer certo incômodo a quem assiste. Não é o foco do diretor discorrer tais questionamentos, mas só por pincelá-los, da forma como ele os faz, já se consegue alcançar quem está do outro lado da tela: questões como a existência ou não de Deus em contraponto ao ateísmo de Hawking (a personagem de Felicity Jones é uma ótima bússola moral para Hawking nessa questão) e a inexorabilidade do tempo angustiam bastante a quem assiste. E a reflexão acerca da “inexorabilidade do tempo” só aumenta quando nos damos conta de que o longa se trata de Stephen Hawking, um homem que passou boa parte de sua vida, tentando desvendar o tempo.


Apesar de tantos pontos positivos, A Teoria de Tudo falha em algumas escolhas e caminhos tomados que fazem com que o filme, ora perca seu ritmo, ora destoe da qualidade técnica que o perpassa a grande maioria do tempo.


Para começar, o roteiro, por mais que tenha momentos lindos e um texto emocionante, se deixa levar por momentos de idealização exagerada, idealização essa que beira a pieguice.


E isso não ocorre em um ou dois momentos, não! São vários os momentos, onde recorre-se à pieguice para fazer o filme emocionar. E é justamente nesse ponto que está o erro.


O maior acerto do filme não é focar completamente na relação de Jane e Stephen (e fazê-lo, por várias vezes, de maneira), o maior acerto é não pesar a mão em tais artifícios. O longa também faz bonito nos momentos onde a doença de Stephen é retratada de maneira mais escancarada. São nesses momentos que o filme realmente flui e dá um leve “nó na garganta”.


Além disso, algumas escolhas, no quesito técnico, são questionáveis, como a paleta de cores que, em determinadas cenas exagera nos tons de amarelo e verde.


Pode parecer frescura ou “mimimi”, mas para um filme que concorre ao Oscar de Melhor Filme, isso deve, sim, ser levado em conta.


Apesar de tudo, esses são deslizes tão pequenos e tão mínimos, que devem ser desconsiderados por todos aqueles que pretendem assistir ao longa, pois o que importa no final é acompanhar essa história comovente. Uma história de um amor e cumplicidade e, de certa forma, não convencional, mas acima tudo, de superação.


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Obs1: A trilha sonora do filme é tão fantástica, mas tão fantástica, que toda essa crítica foi escrita enquanto a escutava. Para quem tiver interesse, deixo o link para conferir:



Obs2: Aos fãs de Dr Who, a menção aos Daleks é um momento a parte do filme. Divertida e serve para “aliviar” o peso todo.

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Comentários:

Antônio: Sempre gostei de física, por isso tenho certa admiração por Stephen Hawking. Tanto é que, uma vez, até peguei seu livro “Uma Breve história do Universo” na Biblioteca Municipal daqui de BH. Confesso que gostei bastante e também gostava de assistir seus documentários no Discovery Channel. Sempre fui fascinado pelo Universo e sua leis. Achei que pudesse ser interessante o filme.


Enquanto assistia ao filme, ficava me perguntando o que será que Hawking estava sentindo: orgulho por ter ganhado um filme em sua homenagem, ou tristeza pelo fato de relembrar todo o drama de sua vida devido à doença?


Apesar de ser um filme emocionante, não acredito que seja digno de Oscar. No entanto, a atuação de Eddie Redmayne como Stephen Hawking é muito boa, especialmente em sua atuação na fase da doença. Suas caras e bocas realizadas demonstraram muito bem a limitação motora enfrentada por quem é portador da anomalia.


Entidade: Assistir “A Teoria de Tudo” é de engasgar. A semelhança do ator com o próprio Stephen Hawking é assustadora, o olhar, as sardas, o cabelo...TUDO, tudo me fez lembrar Hawking na vida real. E esse objetivo foi lindamente executado de uma forma louvável por Eddie Redmayne.


É de incomodar a vinheta forte na tela em alguns ambientes, a paleta de cores totalmente exageradas em algumas cenas (pensei estar assistindo Os Simpsons em determinado momento), porém o clima que o exagero de cores traz ao filme é gostoso, pois aquele toque vintage e cult que os próprios personagens levam consigo, entram em contraste com tudo o que esse artificio artístico carrega.


Tal percepção vem naquelas cenas onde nada é dito e o uso daqueles efeitos polaroids são tão marcantes que acabam levando a uma reflexão, e junto a ela, vem um nó na garganta de ver tudo o que está acontecendo.


Pode parecer besteira mas, “A Teoria de Tudo” muito me lembrou “Ichi rittoru no namida (Um litro de Lágrimas)”, uma novela japonesa que conta a história de Aya, uma menina de apenas 15 anos que luta contra uma doença chamada Degeneração Espinocereberelar, que é uma doença em que as células nervosas da medula espinhal são destruídas, aos poucos, porém o cérebro mantém-se, muito parecida com a doença de Hawking.


Eddie Redmayne faz com que quem assista o filme sinta 0,0001% do que o próprio Hawking sente, e essa porcentagem foi suficiente para que descessem lágrimas não só do meu rosto, como de algumas pessoas que estavam comigo.


A beleza da trilha sonora, o exagero na paleta de cores, juntamente com a atuação intensa de todos do elenco, fizeram de “A Teoria de Tudo” o meu favorito ao Oscar 2015. O filme em resumo, é uma história linda, com lindas frases, lindas mensagens e lindos exageros que misturados trouxeram até mim, em um momento meu comigo mesmo, um grupo de ‘Demasiadas perguntas sem respostas’, frase esta que, em determinado momento do filme, foi dito a Hawking.


Felipe: Sempre tive uma imensa admiração por Stephen Hawking, mas por se tratar de uma obra biográfica, não elevei minhas espectativas antes de começar a assistir. Confesso que foi emocionante ver toda a trajetória do genial físico britânico pela forma descrita no filme.


A Teoria de Tudo é aquele filme que informa e emociona. No entanto, concordo com o comentário do Antônio, o filme é só mais um que fala sobre alguém ilustre, e, portanto, não o vejo como mercedor do Oscar de Melhor filme, mas o ator que interpreta Hawking, Eddie Radmayne, com certeza merece o prêmio de Melhor Ator.


Santiago: Um filme fantástico e emocionante.


Vi muitos criticando este filme por acharem que assistiriam um "documentário", e não "uma história de amor entre física e religião" que aconteceu de verdade.


A Teoria de Tudo, diferente do que a maioria pensa sobre o filme, não gira somente em torno de Hawking, mas também de Jane. É claro que Hawking é focado em diversas vezes, ainda mais quando sua doença, Esclerose Lateral A*, ELA, se manifesta cada vez mais ao longo dos anos.


Outro ponto que vejo criticarem nesse filme é exatamente isso. Acharam que era um filme de como o físico Stephen Hawking superou suas capacidades físicas, por causa da doença, e se tornou um grande gênio ao lado de uma mulher especial, mas, não, a história está focada não só nisso, mas também, e principalmente, em Jane: a mulher, esposa, mãe de seus três filhos e atualmente sua melhor amiga, ela sim é a base do sucesso de Hawking. Sua devoção com Stephen para que sua doença não o impedisse de exercer seu conhecimento, as adaptações necessárias que ela fez para ajudá-lo, dentre outras preocupações que Jane teve ao longo dos vários anos (antes seriam "apenas dois"), que passaram juntos, construindo sua família.


O filme tem a incrível atuação do ator Eddie Redmayne, que interpretou Stephen Hawking, juntamente com Felicity Jones, Jane Hawking. Porém, não acredito que venha ganhar o Oscar na categoria de melhor atuação, já que nem Leonardo DiCaprio conseguiu levar a estatueta para casa com sua fantástica atuação em "O lobo de Wall Street" (mas, cá entre nós, sabemos que o DiCaprio sofre, coitado.).

A teoria de tudo está concorrendo em cinco categorias.

É certo dizer que ao menos uma estatueta eles devem levar para casa; o filme está fantástico. Vale a pena conferir ;)

 
 
 

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